Dica de leitura - A Casa do Céu - Amanda Lindhout.

Título: A Casa do Céu
Autora: Amanda Lindhout ? Sara Corbett
Editora: Novo Conceito
Páginas: 448
Gênero: Memórias

Sinopse: Quando criança Amanda escapava de um lar violento, folheando as páginas da revista National Geographic e imaginando-se em lugares exóticos. Aos dezenove anos, trabalhando como garçonete, ela começou a economizar o dinheiro das gorjetas para viajar pelo mundo.  Na tentativa de compreendê-lo e dar sentido à vida, viajou como mochileira pela América Latina, Laos, Bangladesh e Índia. Encorajada por suas experiências, acabou indo também ao Sudão, Síria e Paquistão. Em países castigados pela guerra, como o Afeganistão e o Iraque, ela iniciou uma carreira como repórter de televisão. Até que, em 2008, viajou para Somália -" o país mais perigoso do mundo ". É onde o pesadelo de Amanda começa.

Olá meus queridos leitores. Trago á vocês hoje uma leitura hipnotizante, daquelas que você não vê a hora de chegar ao final para saber finalmente se tudo aquilo terá um final bom.Em se tratando de um livro de memórias em um cativeiro, aí então se torna uma agonia. Me refiro à ousada ou seria incosequente? Amanda em A Casa do Céu. 

Começo afirmando, sem dúvida alguma, que foi um dos livros mais difíceis de concluir. É agonizante ler tudo o que esta mulher passou, mantida em cárcere por 460 dias na Somália 

Na sua infância, Amanda colecionava revistas National Geographic, adquiridas em sebos, onde sonhava um dia estar em cada lugar daqueles. Esse passou a ser o objetivo dela, que desde então, em qualquer emprego que tivesse, mantinha uma poupança para um dia viajar pelo mundo.Inicialmente como garçonete em uma boate de luxo, graças às gordas gorjetas, Amanda dá início a seu sonho.Após conhecer Nigel, com quem tem um romance, Amanda decide se tornar fotógrafa jornalística, para sobreviver da venda de fotos para jornais e revistas, assim como Nigel.

"Minhas experiências haviam me ensinado que, embora o terror e os conflitos dominassem as manchetes internacionais, sempre havia - sim, sempre - um pouco de esperança e humanidade por baixo de tudo aquilo."

Me identifiquei quando Amanda diz que folheava a National Geographic vendo as fotos de paisagens e lugares "que não podemos ir ", pois é exatamente assim que me sinto ao folhear a revista, parece tão surreal. 
Viajar pelo mundo tudo bem, duvido alguém que não queira, mas não ter limites de território, aí já é loucura. 

"Passei minha primeira noite em Bagdá acordada, ouvindo o rat-tat-tat-tat de tiroteios e o grito das sirenes do lado de fora da janela, sentindo medo e entendendo que, oficialmente, eu havia passado dos limites. Eu tinha muito a aprender."
[...] censurei-me por ter entrado estupidamente na Somália, por ter ambições vazias, por acreditar que eu era invencível [...]

No avião que deixou Amanda e Nigel em Mogadiscio, ouvem de um senhor que por serem estrangeiros, suas cabeças poderiam valer meio milhão.

Pra mim, aqui deixa claro que a ambição por sei lá o que de Amanda já caiu na inconsequência. O mundo é enorme, lindo, cheio de paisagens fantásticas, muitas pelas quais ela já tinha passado, pra que adentrar área de conflito??? Seria a síndrome da mulher maravilha ?
Por diversas vezes ela lembra de sua mãe lhe pedindo para ter cuidado por onde fosse, e praticamente suplicando pra não entrar em zonas de guerra, mas a canadense se achava imbatível.

"Olhando por cima do ombro, vi o cano de uma arma apontando para a minha cabeça e, por trás da arma, um garoto que a empunhava [...] ele segurava a arma desajeitadamente, como se nunca houvesse feito isso antes."

Eu gostei muito do livro quando descreve as belíssimas paisagens por onde passou, me identifiquei como geógrafa que sou e pelo sonho de viajar pelo mundo , e também do estilo de vida que ela escolheu pra si. Mas me pareceu que Amanda busca, com suas viagens, preencher um vazio por ter pai assumidamente homossexual e mãe que sofria violência domestica talvez? , mas como tudo tem um limite, ela excedeu, e muito, o dela.
fiquei com um impressão de que rolou uma certa mágoa de Nigel pra ela, por ela tê-lo convencido a embarcar nessa aventura loucura. O que os dois passam em cativeiros é desumano, é degradante, principalmente Amanda, por ser mulher. Se converteram ao islamismo (por ideia de Amanda) na tentativa de "amortizar" o que estava por vir. Ela relata a dificuldade de decorar as orações feitas ao ler o livro sagrado e a tentativa de convencê-los a respeitarem-na por agora ser uma deles. Que nada!! para aqueles animais terroristas, nada parece ter limites. Desconhecem o ética, o respeito e amor ao próximo. Cometem barbáries, sendo tudo justificado erroneamente pela religião.

Ela deixa nítida, em suas reflexões, como muitas vezes não damos valor ao básico que temos, ou quando em nosso ritmo de vida frenético, aceitamos socialmente a pressão para termos boa aparência e sucesso em tudo o que fazemos, isso indica que o estresse já predomina nossa vida sem nos darmos conta.

O cárcere proporcionou muitas reflexões á ela se tivessem sido feitas antes teriam evitado muitos aborrecimentos, reflexões das quais podemos tirar muito aprendizado pra nós mesmos.
Percebemos o que a alienação religiosa, a má interpretação dos registros de um livro sagrado, a ignorância, ausência de valores e respeito, fazem com uma sociedade.
Como um lugar consegue se manter em guerra uma guerra sem fundamento por tanto tempo? Como conseguem interpretar tão mal os ensinamentos de Deus? 

Acho desnecessário descrever os abusos e maus tratos que Amanda passou, são impactantes, chocantes, nauseantes,  extremamente desumanos. Ela é levada ao limite da própria força, e eu fiquei me perguntando até onde ela iria suportar. É difícil manter a mente sã diante tais atrocidades.

"Meus captores deixavam claro que um mulher em cativeiro, como eu, poderia ser usada e explorada sexualmente. Foi o que aconteceu."

A Casa do Céu (tem esse nome porque Amanda dava nome a cada casa que eram levados) é uma leitura fácil, porém impactante. É impossível se manter o mesmo depois depois de conhecer a triste história de sobrevivência de Amanda, no que podemos dizer dos piores dias de sua vida. O relato nos mostra até onde um ser humano pode suportar em busca pela liberdade e como a barbárie humana não tem limites.

Ficou curioso (a) ? Então leia e me diga o que achou ;-)


Disponível em www.lelivros.com

Um abraço e um ótimo 2016 a todos!!!

Michelle Guerra



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2 comentários

  1. eu comprei esse livro depois de ler uma reportagem sobre ela numa revista, mas ainda não tive coragem suficiente para encarar a leitura, que promete ser bem emocionante e triste
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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    1. Quando ler, venha nos dizer se gostou Thaila.
      Obrigada pela visita e seja sempre bem vinda.

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