Profissão Escritor, Vagner Leite de Araujo!

Dicas para ser um escritor, prepotente? Sim, eu sei
Inícios, tropeços e musiquinhas
por Vagner Leite de Araújo.
Eu me lembro de muita coisa que me trouxe pra onde estou hoje, lembro que já desde criança eu gostava de contar uma historinha ou outra pra turma na sala de aula da Casinha Feliz, do Salles Freitas e também pros amiguinhos da Rua Porto Brilhante, de terror principalmente... Também me lembro que, entre meus tios e primarada mais velha, eu contava as melhores piores piadas nas festinhas de família e, que em certo breve momento da minha infância, o pequeno Vagner encostou a ponta da caneta nas linhas de um caderninho que encheu de pequenas historinhas de super espiões e possivelmente dinossauros (eu colocava dinossauros em tudo que via, era praticamente um Ross Geller, the cutest kid from the Paleonthology department), lembro que também faltou luz nesse dia, mas apesar do calor eu continuei debruçado sobre a mesa, com uma vela e uma esferográfica vermelha, lembro como se estivesse fazendo isso ainda ontem.




Eu também me lembro da primeiríssima história que escrevi, uma folha frente e verso sobre um homem que ao adentrar a casa de um cientista malvado e louco, encontra uma máquina do tempo (sim, teve dinossauros na história, logicamente) e depois de algumas fugazmente narradas (desconto, eu tinha 8 ou 9 anos) confusões, a máquina do tempo é destruída (ao menos com certa idade eu já possuía um certo bom senso sobre os perigos de viagens ao passado, com ou sem máquinas do tempo).
É engraçado como hoje, com 20 anos de idade e um filho na fila da revisão, eu olho pra trás e percebo como tudo foi se formando dentro de mim pra que eu chegasse nesse momento que vivo e, se Deus quiser, todos os outros que se seguirão.
Com todas essas lembranças um tanto longínquas bem estabelecidas, é claro que me lembro vividamente de fatos mais recentes que, assim como o massacre da família Castle ou o assassinato do tio Bem, me tornaram no que sou hoje.
Eu lembro exatamente do momento em que comecei a escrever pra valer, foi uma manhã em que eu descobri que existiam dias nos quais você simplesmente gostaria de ser outra pessoa, em outro lugar e, se possível, com alguns super poderes básicos pra trabalhar a auto estima.
Mais tarde, quando eu finalmente percebi que esses dias nunca iriam parar de chegar, eu me tornei Escritor (além desse motivo super profundo eu também queria impressionar as meninas, não era muito bonito com 15 anos então tive que investir em outros perks).
Concluída essa breve Origins, eu gostaria de compartilhar com vocês um pouquinho das minhas experiências como Escritor, seria um pouco prepotente taxar isso como “Dicas para ser um Escritor”, mas bem... eu sou assim.



Inícios
Quando você passar dessa parte, calma que piora.
Voltando naquela dia há cinco anos atrás, em que eu descobri aquela vontade de parar um pouco de ver o mundo ao redor dando errado e tentar controlar o seu próprio mundo de papel (onde não necessariamente as coisas dão certo, mas pelo menos acontecesse do seu jeito), caminhando de manhã na direção de uma escola na qual eu não queria entrar, pra ter uma aula que eu não queria ter, assombrado por um turbilhão de vibrações ruins daquele tipo que só um adolescente que se preze consegue ver sentido em ter, eu tive minha primeiríssima Light Bulb (que, sem licença poética, mudou minha vida pra sempre).
Naquela caminhada de 15 minutos, eu fui atingido por algo que até hoje não sei dizer o que foi, e lá, andando na Marechal Marciano no silêncio da imaginação, idealizei a primeira cena do meu livro, Draconiano: A Maldição Adormecida (que mudou de título umas duas vezes antes desse).
Chegando no colégio com a cabeça na quinta marcha e o mundo na segunda, eu puxei meu caderno, ignorei completamente a aula (se quer me lembro qual aula era) e comecei a escrever, até o fim da tarde eu já tinha 3/4 capítulos brutos.*
Obviamente não estou dizendo para sair e caminhar chateado de manhã cedo com o intuito de ter uma ideia literária super X-bacon com batata e estrogonofe de frango, por que eu não acho que você vá conseguir, mas se quiser provar que estou errado, traz pão quando voltar.
A relação entre você, meu caro marsupial púbere, e a Inspiração é, em comparação, UM CAPANGA DO MAL E O SAM FISHER DO JOGO SPLINTER CELL, a Inspiração (Sam Fisher) está lá, nas sombras da sua vida com TRÊS! Lentes verdes e brilhantes na testa, assobiando pra você e atirando nas suas lâmpadas e câmeras de vigilância, mas ainda assim, você, capanga, nunca vai conseguir vê-lo quando ele te atacar, assim como eu não vi.
Agora falando sério, ou tentando, a Inspiração que te leva ao início é algo que chega na hora que quer, tudo o que influencia a chegada dela, é o ambiente em que você está e como você reage (bem ou mal) a esse cenário, é claro, nunca com a intenção de se inspirar, você (tô chutando por que não te conheço) não se apaixona por uma pessoa/lugar/bode para mais tarde se inspirar literariamente com as consequências (boas/ruins) disso, mas sim por que você está vivo... e também não é muito esperto.
Mas relaxa, se eu tivesse sido mais esperto, eu não teria escrito um livro, então ser esperto é superestimado.




Tropeços
Depois que você deitar a bolsa de gelo no olho roxo que a Criatividade te deu, você muito provavelmente nos primeiríssimos momentos vai experimentar dificuldades muito mais variadas do que simplesmente o combustível criativo, energia e tempo para trabalhar na sua obra.
Por exemplo:
No início da minha cruzada, eu não tinha Word no meu computador, vendo o tamanho que meu livro tem hoje, junto com a maneira alienígena que eu seguro a caneta, eu teria um calo na mão do tamanho do Pico da Pedra Branca no meu anelar se continuasse o trabalho no manuscrito. Minha solução foi ir, dias a fio, na casa da minha tia (que morava ao lado) onde passei tudo do caderno para o Word, mais tarde eu obviamente arranjei um Office decente para o computador, essa foi apenas uma das várias pedras de tropeço que tive.
Eu sou de família católica, então calcule comigo o otimismo que eu tinha em dizer para os meus pais que escrevo um livro onde o Sete Pele, Pé de Barro, Encardido, Inimigo, Mochila de Criança aparece mais do que em reunião da Câmara dos Deputados. Fazer coisas escondido dos pais é sempre neces... digo, complicado e tal... por um bom tempo meu livro e seu conteúdo foram um segredo para meus progenitores, isso é algo que eu não recomendo muito, se você já bebia, fumava e sonegava imposto de renda escondido dos seus pais, é mais do que suficiente, não deixe um trabalho que exija tamanho foco e compromisso escondido, dá muito mais trabalho.*
Bom, também tem uma outra coisa que eu aprendi mais tarde, algo que não se aprende de maneira fácil, pois envolve ego e alveja sua animação quase por completo, mas com o tempo se consegue lidar, aceitar e por fim, ignorar, se preparem pra caixa alta:
NEM TODO MUNDO VAI GOSTAR DO SEU LIVRO, MEU CARO MARSUPIAL.
Assim como nem todo mundo vai gostar de muitas coisas que você faz na vida, um livro pode até te tirar um pouco do mundo real, mas no fim está tão sujeito ao julgamento do “divertidíssimo” mundo real quanto qualquer outra coisa que você fizer.
Com isso, eu não estou dizendo que o meu, o seu, os nossos livros e tudo o que escrevemos será terminantemente uma merda (as vezes sim), só estou adiantando que uma ou outra pessoa (pode ser seu amigo, sua namorada(o) ou um total desconhecido) não vai curtir seu jeito de escrever, ou seu tema ou suas ideias, isso é normal, deal with it.
Mas é claro, as vezes essas críticas negativas servem o bem, um apontamento de uma falha de estimação na sua obra pode te melhorar muito como escritor, pessoa e todas as outras baboseiras. Certa vez, me disseram (na famosa caixa alta) que a ideia da minha história era CLICHÊ, isso me atingiu e chateou bastante... por uns dois dias, depois disso eu peguei isso e usei ao meu favor e garanto que o que tirei daquela crítica me satisfez (tendo resolvido ou não o problema).
Outra coisa, óbvia no decorrer de qualquer trabalho, é o famoso desânimo, pois dependendo do seu nível de humildade, a sua própria opinião e agrado com o que está produzindo, apesar de muitíssimo importante, não é o suficiente. Seja você atleta, professor, músico, atleta, poeta! A opinião externa, o feedback, o “achei maneiro” é vital para te recarregar nessa jornada arrastada.
Por isso, sempre que puder, mostre o que escreve para amigos de confiança (e paras as crushsque quiser impressionar, quem sabe), colete todas as opiniões possíveis e junte tudo o que vai te ajudar a melhorar e continuar, eu fiz isso com esse artigo aliás.
Quantas vezes eu me impedi de desistir com um “achei maneiro”? Quantas vezes eu quis melhorar com aquele “CLICHÊ” em caixa alta? Eu sou de humanas, mas essa é a mais expressiva “conta que não consigo fazer”.
PS: Sua auto crítica também é vital, não dependa só do outros.

Musiquinhas

Ah... as musiquinhas... como ajudaram.
Essa última dica que eu dou pra vocês, pode não ser via de regra, mas é algo que me ajudou e, mais tarde, se tornou um aspecto importantíssimo de Draconiano, que é a Trilha Sonora do seu Trabalho.
Eu não sei quanto a vocês, mas não tem jeito melhor de trabalhar na sua obra do que entrando no clima dela, ou mais especificamente no clima do que acontece no momento narrado por você.
Por exemplo, em uma cena de violência extrema o que seria melhor? Raining Blood do Slayer ou Careless Whisper do George Michael? A resposta é obvia! Careless Whisper!
Eu, nos momentos finais da confecção do meu livro, quando estava sendo reescrito pela segunda vez, passei a tornar isso um aspecto da obra, músicas com ritmos e letras que conversem com o momento retratado em partes específicas de capítulos distintos.
Mas antes de um recurso narrativo, a música teve grande serviço não só para me desligar das interferências do mundo com o qual eu não queria me preocupar no momento, como também, em momentos aleatórios, caminhando na rua para fazer qualquer coisa ou descobrindo aquela banda nova com o colega, eu descobria cenas novas, personagens novos, situações novas.
É minha dica final por hoje, leve tudo o que você absorver da vida, dos livros, filmes, jogos e especialmente dos fones de ouvido pra te ajudar na hora de escrever, garanto que seu acervo de referências e recursos narrativos nunca ficarão escassos.

Todos sentados para os avisos paroquiais...

Bem galerinha, essa foi o primeiro episódio da nossa garimpada em busca do diamante sagrado da autoria suprema! Eu espero que a galerinha que está começando com sua ideia/obra/filho agora possa se situar (ou não).
Como eu tenho jogado na sua cara... digo! Dito e comemorado humildemente! O meu livro, Draconiano: A Maldição Adormecida finalmente conseguiu escapar da minha cabeça para os braços capazes e atenciosos da maravilhosa Editora Percurso! E eu estou agora arrecadando a graninha pra poder pagar os tramites editoriais! Como não sou feito de dinheiro, cortar minhas mãos não ajudaria, mas talvez você possa me dar uma forcinha!
Meu projeto foi apadrinhado pelo X-bacônico site da Book Start, se estiver no seu brilhante coração de leitor/autor o cosmo ardente que o instiga a me ajudar, o link do projeto é esse aqui.
https://bookstart.com.br/pt/draconianomeajuda se tiver a boa vontade (e 10 reais de bobeira) pra me dar aquela ajuda, eu serei super grato e, você pode confirmar no link, você ganha um beijo e um abraço.
Lá você também encontra outras recompensas para outros valores, mas não me atrevo a pedir mais que 10 reais de vocês, meus caros desconhecidos que jamais vi na vida J .
Me encontrem no Facebook: www.facebook.com/vagner.leitedearaujo.5
E no Twitter: @Vagner_Draco

Como diria He-Man, Até a próxima minha gente!




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  1. Ai que interessante,é muito bom sempre receber dicas assim, valem muito a pena para quem quer escrever, peguei várias dicas aqui.
    Espero que o autor cresça cada vez mais.

    Beijos

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    1. Que bom que gostou Karine, eu também peguei umas dicas legais pra usar!
      Obrigada pela visita e seja sempre bem vinda!

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  2. Bom, que belo texto, reflete bem como é ser um escritor de fato. Altos e baixos existem e muitos né?
    O negócio é aproveitar cada momento.
    Excelente palavras. E boa sorte na carreira, siti que ama o que faz ♥

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  3. Nossa, que dicas interessantes....

    adorei seu texto...

    bjs

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    1. Oi Denise, que bom que gostou.
      Sempre tem posts no Profissão Escritor, não deixe de conferir!

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  4. Olá!

    Bacana essas dicas! E sim, Careless Whisper é uma música maravilhosa! Espero que você traga mais textos como esse, parabéns!

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    1. Oi Kamila, sempre temos neste na coluna Profissão Profissão Escritor, toda semana um autor diferente, acompanhe!

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  5. Olá. Um precioso texto para quem quer adentrar neste mundo mágico. Achei incrível a estrada que o levou a escrever e todas as dicas foram muito importantes.
    Desejo sucesso e que toda oportunidade seja bem-vinda em sua vida.
    Parabéns pela postagem.
    Beijos
    http://casinhadaliteratura.blogspot.com.br/

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  6. Bacana sua história, Vagner. Acho que todo começo é árduo, que há tropeços e que loucuras são cometidas, como escrever tudo a mão pra depois passar pro word rsrs.
    Música pra mim é tudo, faço tudo com música e com certeza ajuda bastaaante!
    Boa sorte!
    www.viciadosemleitura.blog.br

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    1. OI Bianca que bom que curtiu a matéria, eu amo música, mas ao contrário de outros autores, não consigo escrever com música e nem consigo ler ouvindo música, acho super bacana quando um autor fala que está escrevendo ouvindo tal música. Estas que o Vagner citou são ótimas!

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  7. oI!!

    Gostei bastante do texto, claro, esclarecedor e com certeza um incentivo para novos escritores compreendam e embarquem nesse mundo mágico da escrita. Beijos!

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    1. Que bom que curtiu o texto, espero que acompanhe a coluna Profissão Escritor, toda semana temos uma autor diferente.

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  8. Oi..
    O texto é bem reflexivo mesmo.. <3
    gostei muito..
    parabéns!!
    bj

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    1. Oi Flávia, que bom que curtiu.
      Obrigada pela visita e seja sempre bem vinda!

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