Assédio moral no trabalho: Um tema que precisa estar em pauta.

Estava observando uma discussão em um dos grupos de emprego via Facebook que acompanho e, de repente, um homem começou a ofender uma moça com a qual discordava chamando-a de "piranha", e depois sugeriu que ela "sentasse no colinho" de alguém para conseguir emprego. Outro homem tentou defendê-la e, em apenas alguns segundos, foi insultado como "viado". As relações no ambiente de trabalho são tão complexas e intrincadas de preconceitos a ponto de os pensamentos que as norteiam começarem a aparecer antes mesmo de que um ambiente de trabalho propriamente dito esteja estabelecido.


O assédio moral no trabalho tem que estar em pauta, porque, frequentemente, ele não é visto, ou quando é, recebe o aval da negligência. Já estive em ambientes onde a hierarquia de poderes era tão ostensivamente estruturada que humilhações às vistas de todos eram encaradas como eventos cotidianos. Isso porque um chefe ou dono não ocupa o espaço de simples autoridade organizacional, financeira ou intelectual de um estabelecimento: comumente, ele confunde essa autoridade legítima com prevalecimento contra seus funcionários, os quais tendem a aceitá-la muito além do tolerável tanto por dependência econômica, como pela anuência generalizada que naturaliza o abuso disfarçado de ordem.

Tenho histórias tristes vividas em ambientes de trabalho como quase todas as pessoas, e gostaria de pensar que tudo se tratou de um azar pessoal e que outros não passarão pelo mesmo. A verdade, entretanto, é que não existe nada mais naturalizado do que um chefe levantar a voz para um subordinado, fazer chantagens e ameaças, expor ao ridículo perante seus colegas, enredá-lo em uma rede de intrigas que levará a uma sumária demissão, ofendê-lo, entre tantas outras situações possíveis. Naturalizado, porém, jamais natural. O respeito é devido a todo ser humano, e deveria figurar como um dos princípios básicos onde é a colaboração mútua que permite o crescimento da coletividade.
Nesses poucos anos em que trabalho, já soube de colegas sendo assediadas sexualmente, de currículos sendo negados por causa da zona periférica onde o candidato morava, de funcionários públicos exigindo que estagiários fossem demitidos (mesmo quando sequer trabalhavam com eles), de mulheres sendo depreciadas em suas opiniões apenas por serem mulheres, e sendo obrigadas a suportar piadas e brincadeiras machistas devido ao grupo majoritariamente masculino (e babaca) ao seu entorno. Algumas pessoas pediram seu desligamento, outras permaneceram aguentando um fardo cultural, retrógrado e hierárquico, o qual consegue unir, ao mesmo tempo, o tradicionalismo escravocrata que dividia coronéis e reles mortais, e o machismo colossal que restringia as mulheres ao ambiente doméstico. Houve mudanças desde aqueles tempos até hoje? Muitas, mas não amplas o suficiente para que o assédio moral no trabalho, em suas múltiplas facetas e intenções, tenha sido extirpado, e não seja mais a realidade dura na rotina de milhões de pessoas.
Uma legislação mais organizada e funcional do que havia antes já existe para amparar os trabalhadores assediados. Se puder, denuncie. Todo o ciclo de violência - mesmo quando se perpetua através de "inofensivas palavras" - deve ser quebrado.


Texto por Liziane Edler, do blog Licença para o imperfeito


12 comentários via Blogger
comentários via Facebook

12 comentários

  1. É UM ASSUNTO BEM INTERESSANTE E BEM GRAVE DE SE DISCUTIR. nÃO DEVEMOS NUNCA DEIXAR QUE ISSO ACONTEÇA.

    www.vivendosentimentos.com.br

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo com você, Monique!

      Obrigada pelo comentário!

      Beijão!

      Eliminar
    2. Devemos combate
      http://ambientejmaria.blogspot.com.br/

      Eliminar
    3. Com certeza, Jaci! Combater sempre!!

      Obrigada pelo comentário!

      Beijos!

      Eliminar
  2. É um assunto bem polêmico. Sou completamente contra o assédio moral.
    O melhor é evitar e combater
    www.iamcamilakellen.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Camila, com certeza, o caminho é evitar e combater sempre!

      Obrigada por comentar!

      Beijos!!

      Eliminar
  3. Olá Silvânia,
    Já passei por assédio moral no emprego e foi péssimo. Qdo fui demitida, denunciei a pessoa responsável e descobri que tempos depois, ela pediu as contas. Mas acredito muito na lei do retorno sabe? Se vc prejudica uma pessoa, depois de algum tempo isso vai voltar contra você.
    big beijos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Lulu!

      Sinto muito pela situação que você passou, mas fico feliz que você tenha encontrado um caminho para superar!

      Obrigada pelo comentário!

      Abraços!

      Eliminar
  4. Nossa, muuuito bom esse post ! É um tema super importante que, se não me engano, é a primeira vez que vejo em um Blog.

    Mil vezes parabéns :)

    Bjo.

    | O Blog Que Não é Blog |

    | Sorteios Na Web |

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada, Anna Lê!! Que bom que você gostou do texto!

      Beijão!

      Eliminar
  5. Gostei do texto Liziane. Nunca cheguei a presenciar fisicamente esse tipo de situação, mas através de relatos de algumas colegas e conhecidas fiquei completamente indignada. Isso é o tipo de assunto que deve ser exposto e jamais negligenciado. Beijo!

    www.newsnessa.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo com você, Vanessa!!

      Obrigada pelo comentário!

      Abraços!

      Eliminar