Envelheci, não teve outro jeito


Envelheci.

Não foi escolha, aconteceu.
Creminhos, dietinhas, chazinhos, e mil jeitinhos.
Uma melhorinha aqui outra acolá, mas tudo enganação.
Não tem pra onde ir.
Os anos de levam, e nunca te trazem, e te enchem a bagagem de rugas, flacidez, e tantos remédios.
E aí para alguns que se casam como rende a família!
Netos, bisnetos e ultimamente tataranetos, rendem tanto como os livros na estante que vamos comprando depois que aposentamos.
Um clã e tanto somos capazes de produzir. 
Mas não tive escolha, muito menos planejamento, e assim eu me tornei um monte de gente.
Outra coisa que percebi é o tanto que mudamos o pensamento
Quando menina tinha certeza que velha eu não ia ficar. Hoje também estou cheia de certezas: moça eu também não vou ficar. 



Mas teimo diante do espelho, pura ilusão ou burrice mesmo. 

Bem, há quem diga que tenho que ser positiva.
“ Com a velhice vem a madureza”...
Conversa pra boi dormir.
Ótimo, sei tanto quanto eu tinha 18 anos, e a madureza que aprendi foi a de desconfiar.
Acho que é isso, não nos precipitamos, desconfiamos mesmo antes de agir.
Vejam só, meu neto de 7 anos consegue pagar minhas contas na internet, fez um email pra mim mas ainda não sei abrir. Sabe como funciona meu celular, o GPS do carro do pai, e ainda dá palpite na política do país. Eu com 7 anos conhecia banco pra se sentar e não pra guardar dinheiro. 
Hoje, com tempo de sobra, preencho as horas passeando em livrarias, tricotando ou conversando sobre o rol de enfermidades que vão aparecendo, e claro trocando dicas de tratamentos com tantas amigas senis.
Não sou daquelas que amam as plásticas, mas confesso que cogitei.
Então, achei melhor não, meus filhos, todos do contra é claro, acharam-me sensata.
Mal sabem eles que foi a tal desconfiança misturada com medo mesmo, porque vergonha a gente com a idade vai perdendo, e mostrar minhas pelancas para um cirurgião já não me deixariam constrangida, porque constrangimento mesmo é com 18 anos ter que enfrentar um baile com uma espinha no rosto.
Bem, há suas vantagens, nem tudo neste corpo mais vivido é desgraça.
Tenho vagas no estacionamento privilegiadas e não enfrento filas, se bem que as filas da terceira idade estão ficando cada vez maiores.
Pacotes de viajem, faculdades, teatros, tudo com mais descontos.
Mas, a disposição também fica com mais descontos. 
Bem, não foi minha escolha ficar assim, 
Mas se fiquei vou até o fim.
Saber no que dá a gente já faz uma idéia.
Enquanto isso, vou escrevendo algumas bobagens e deixando por aí, quem sabe alguém resolve ler.
Assim acho que vou envelhecendo mais disfarçadamente, e com menos tempo de olhar no espelho...


Fonte: Lusos poemas




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8 comentários

  1. Não tem como evitar a velhice, mas acredito que não devemos encarar-lá como algo ruim, afinal toda idade traz consigo algo bom, seja sabedoria, alegria, tempo livre para aproveitar com os netos ou qualquer outra coisa...
    Adorei o texto e post!
    Beijinhos
    http://www.meninadepalavra.com/

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    1. É verdade Mari, a velhice traz a experiência e a sabedoria para vida.

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  2. muito bom o texto !

    Beeijos, ♥ || INSTAGRAM: @luannaandrade_

    http://www.paaradateen.com
    http://www.facebook.com/PAARADATEEN

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  3. Oi linda , queria retribuir seu carinho e te indiquei la no blog , espero que goste vem ver
    http://www.superpresumida.com/2014/07/um-carinho-recebido-em-forma-de-selinho.html

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    1. Ahh que fofa! Obrigada Shirley, fico muito feliz pelo carinho.

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  4. Eu não tenho medo de envelhecer. Acho que amadurecemos com o passar dos anos e ganhamos mai sabedoria.
    Isso que é importante!
    Beijinhos
    :)

    OBS: Já te enviei e-mail sobre a entrevista..hahahaha

    http://cariocaemportugal.blogspot.pt/

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    1. Sábias palavras amiga.
      Vou olhar os e-mails e já te respondo.

      beijos e seja sempre bem vinda.

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