Olá,
para quem ainda não sabe sou a nova colunista do blog, me chamo Jariane e sou
professora de Literatura, acadêmica de letras e escritora nas horas que me
sobram, tenho dezenove anos e logo terei meu primeiro livro publicado. Postarei
aqui no blog crônicas, toda terça feira, espero que gostem.
Um
dia desses fui obrigada a ir a uma loja de departamentos com minha mãe, eu fui
animada, pensando que compraria livros e isso seria divertido, mas quando
cheguei lá às coisas não aconteceram bem assim. A loja parecia um formigueiro e
a musica natalina era tão depressiva que parecia que o gerente estava de mau
humor e queria se vingar do mundo com aquilo. Eu tentei continuar em meu bom
humor, mas minha mãe resolveu que precisava passar em cada corredor e colocar
meia loja dentro do carrinho e foi então que eu descobri uma coisa:
Eu
não gostava mais de lojas de departamentos, nem de musicas natalinas e muito
menos de ficar no meio de muita gente, tudo o que eu queria era estar em casa
lendo um livro ou comendo o que viesse pela frente. De repente o pensamento de
que eu estava ficando velha e chata me atingiu como uma flecha na cabeça. Eu até
me assustei com isso, quer dizer, eu tinha dezenove anos, pessoas de dezenove
anos gostam de multidão e barulho e gente maluca gritando com o funcionário atrás
de uma árvore natalina rosa e iluminação de neon verde. Continuei caminhando,
dialogando comigo mesma e me desviando das pessoas, mas então minha mãe
resolveu que também tinha que ir ao mercado, que ficava ao lado da loja, e lá
fui eu.
O
mercado não estava lotado e o silencio foi bem vindo, eu fiquei tropeçando nos
calcanhares da minha mãe e em um momento simplesmente me apoiei no carrinho e
fiquei parada perto das frutas. Foi aí que minha aluna apareceu e gritou pra
meio mercado que eu era sua professora, me deu um beijo e saio correndo, este
pequeno gesto pareceu clarear minha mente cansada e eu finalmente entendi o
porquê de estar de saco cheio de gente e de lojas de departamento.
Minha
rotina era pesada, eu trabalhava, estudava e quando sobrava tempo estudava
ainda mais, eu estava saindo da parte das indecisões e entrando de cabeça no
mundo capitalista da vida adulta. Eu finalmente estava sentido o peso de se ter
quase vinte anos e ter de ir em busca do próprio sustento e bancar os próprios
luxos. Essa constatação me fez imaginar se meu próximo passo seria sentar na
sala e reclamar do preço do tomate, ou então ver o Jornal Nacional e reclamar
da mudança de apresentadora.
Depois
que saímos do mercado e viemos para casa eu ainda continuava com todas essas
questões em minha cabeça. Comecei a lembrar de quando estava no ensino médio e
de todas aquelas indecisões sobre que profissão seguir e a parte de que eu teria
de ficar a minha vida toda fazendo aquela coisa que escolhi aos dezessete,
quando eu só sabia formulas físicas e os que os colírios da Revista Capricho achavam
atrativo em uma garota, em seguida lembrei do primeiro dia de faculdade e de como
obriguei minha mãe a me levar até a porta da sala porque imaginei que o pessoal
da faculdade não iria me querer porque eu só tinha dezessete anos, uma
franjinha ridícula em cima dos olhos e um livro do Percy Jackson na bolsa. No final
das contas eles me receberam bem e eu descobri que a faculdade não era como nos
filmes americanos, eu não conheci o carinha gato e nem tomei um porre e a constatação
de nunca ter tomado um porre me deixou nostálgica. Caramba eu estava quase nos
vinte e não tinha tomado um porre, estava ficando ranzinza e velha, será que
aos quarenta eu tomaria meu primeiro porre e faria a besteira de levar um
desconhecido para morar comigo?
Falei
com minha mãe sobre isso e ela me disse que talvez eu estivesse na crise dos
vinte, ou então entediada, preferi acreditar que era só cansaço mesmo e por via
das dúvidas escondi uma garrafa de vinho embaixo das frutas, só para o caso de
eu me achar velha demais de novo.
Jariane Ribeiro
Uaau, que texto maravilhoso :D
ResponderEliminarbeijos
Tem post novo lá no blog
www.milennadartora.blogspot.com.br/
Oi, que bom que gostou,
EliminarBeijos
Esse é o custo de ser precoce: tudo acontece mais cedo pra vc. Mas as lojas ficam realmente insuportáveis nesta época do ano. Eu adoro o Natal, mas preferia q fosse com menos pessoas nas ruas! rs
ResponderEliminarEu também, a muvuca me irrita, dai prefiro ficar em casa rsrsrs
Eliminarai essas crises, vivo tendo, pensando em que sou, onde estou!
ResponderEliminaresse ano mesmo foi um ano de crises rsrsrs 21 anos, término da facul, ir em busca do primeiro emprego...
http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Eu tenho dessas crises, primeiro emprego, metade da faculdade, tudo vira uma bola de neve
EliminarEu sei o que é isso estou nessa crise, fiz 21 anos, nunca tomei um porre, a realidade da vida adulta de atingindo para tudo que é lado. Eu as vezes só queria poder voltar no tempo e só me preocupar em fazer a faxina que a minha mãe mandava fazer, assistir meus filmes e paixonites bobas.
ResponderEliminarhttp://www.garotadosuburbio.com/
Eu peço a mesma coisa, prefiro lavar louça a me preocupar com emprego, faculdade e tudo rsrsrs
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